Desembarque pelo outro lado do mundo
Me deixe sair um pouco
Pois faz dias que não trago comigo, aquele sorriso.
Será que o tempo faz bem, quando passa assim lento?
Como o fogo que, queima tanto quando te faz carinho
Me perco as vezes em avenidas, em horas de pico
Fico surdo e com visão turva, quando a garoa canta
Desliza os fios de água
Seriam só lágrimas?
E de tremores vive a garganta
A cada despedida
A cada volta
A cada cheiro que se cheira
E vai embora.
A vida é tão volátil pra mim, que temo alturas
Temo bocas
Fronhas
Lembranças.
Tenho força nos pés
Mas mãos de menino
Caminho os espaços, entre saudade e luto
Vinho e água , eu e o mundo.
Sei que sou manhoso e carente
Cão arredio , que de afagos se põe contente
Fora as pedras e caras feias
E certas ausências, sou um sobrevivente.
Sobrevivi o olhar mais lindo
E cada lágrima que ele soltou
O aroma mais prazeroso que me viveu
E que me matou.
Sobrevivi a universos diferentes
Paralelos ao meu
Esquisitas e certas demais
Apenas viajantes
Nessa vida louca o suficiente
Para quitar vontades de sorrir
E choros moverem córregos
Levando e trazendo, o lado resiliente.
De saudade vou vivendo
E morrendo também
Meu cigarro ja apagou
E meu o ônibus não vem.