Desembarque pelo outro lado do mundo

Me deixe sair um pouco

Pois faz dias que não trago comigo, aquele sorriso.

Será que o tempo faz bem, quando passa assim lento?

Como o fogo que, queima tanto quando te faz carinho

Me perco as vezes em avenidas, em horas de pico

Fico surdo e com visão turva, quando a garoa canta

Desliza os fios de água

Seriam só lágrimas?

E de tremores vive a garganta

A cada despedida

A cada volta

A cada cheiro que se cheira

E vai embora.

A vida é tão volátil pra mim, que temo alturas

Temo bocas

Fronhas

Lembranças.

Tenho força nos pés

Mas mãos de menino

Caminho os espaços, entre saudade e luto

Vinho e água , eu e o mundo.

Sei que sou manhoso e carente

Cão arredio , que de afagos se põe contente

Fora as pedras e caras feias

E certas ausências, sou um sobrevivente.

Sobrevivi o olhar mais lindo

E cada lágrima que ele soltou

O aroma mais prazeroso que me viveu

E que me matou.

Sobrevivi a universos diferentes

Paralelos ao meu

Esquisitas e certas demais

Apenas viajantes

Nessa vida louca o suficiente

Para quitar vontades de sorrir

E choros moverem córregos

Levando e trazendo, o lado resiliente.

De saudade vou vivendo

E morrendo também

Meu cigarro ja apagou

E meu o ônibus não vem.

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 12/11/2019
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