SAUDADES

Saudades dos tempos passados vividos, que já não voltarão!

Saudades

Saudades das trilhas feitas

Andadas em passos descompassados

Ao longo dos tempos, hora em pachorra, as vezes rápidos num tom desenfreado!

Veloz, numa corrida, naqueles tempos...

Sim tempos passados,

Tempos passados da minha infância

Quando nada sabia de nada, mas que deixaram marcas no livro de memórias abstratas do meu ser, minha mente, que jamais foram apagadas apesar dos tempos idos!

Pois que um inverno veio, outro foi

Verão pós verão,

Nos infindáveis e incessantes minutos ao longo dos tempos!

Saudades

Saudades dos tempos idos, que jamais voltarão, mas jamais se apagaram...

Saudades daqueles tempos em que corríamos descalços em ruas poeirentas de Angola, nas terras do KIOMBE, Wezo, Ambriz... Terra das minhas origens, dos meus ancestrais, Quando em plena infância fugiamos dos campos, para treparmos em Goiabeiras, roubando aquelas das grandes goiabas adocicadas do velho George, que por dureza e mãos de vaca, preferia deixar elas serem devoradas pelos passarinhos!

Tenho saudades

Saudades dos meus tempos em Luanda,

Quando após uma graninha ganhada,

Corríamos no Kicolo mercado dos fardos, grifes, (aqui chamados brechós)

Tenhos saudades

Saudades dos tempos na Cimangola,

Saudades daqueles tempos de ouro, quando a inveja não falava ainda muito alto, e todos nós éramos unidos por um elo de irmandade e amizade entre, primos e irmãos falando e nos comunicando na mesma língua!

Inglês, Português, conhecimentos gerais. Juntos e unidos, quem nos derrubava?

Éramos todos invencíveis...

Que infelizmente com o tempo fomos separados, porque a luz e a escuridão jamais poderiam juntos permanecer!

Saudades do meu grande amigo em carne Such One e irmão em Espírito,

Saudades, saudades da minha saudosa e amável mãe!

Saudades do irmão, irmãs, sobrinhos

E sobrinhas

Saudades, dos tempos idos que jamais voltarão

Mas talvez, assim como António Jacinto disse: Quando um dia as bimbas entoarem os hinos da madrugada nos capinzais,

Quando um dia o sol sorrir para mim do jeito abundante, dum modo que talvez eu menos espere,

Quando tudo que estava desigual for igualado,

Quando as chuvas alegremente caírem e regarem as plantas que há séculos almejavam serem regadas hoje saciadas, talvez eu não volte nos tempos vividos e já idos, Porém conseguirei ainda retornar à terra, pra rever todas aquelas pessoas de bem, e que juntos caminhamos nas mesmas estradas da luz, da vida, ao longo dos tempos, todos já idos!

Tenho saudades

Sim, saudades dos tempos passados vividos e que jamais voltarão

Porém que apesar dos milhares, trilhões, de minutos que o relógio do tempo já contou, jamais se apagaram do livro memorial abstrato da mente humana de quem hoje eu sou, agora relembrados que eu mesmo acabo transformá-los em versos!

Saudades...

Moisés António
Enviado por Moisés António em 30/08/2019
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