AS ÁGUAS DE UM RIO
Quando penso nos dias passados
Brota do fundo da minha alma
Os lindos sonhos sonhados
E buscados com muita calma.
Onde estás, ó infância querida,
Nos castelinhos de areia escondida?
Ou quem sabe, naquela bonequinha
Que, com carinho, guardava na caixinha?
Grandes amigos, os meus livrinhos
Às tardes estavam ao meu lado
Num pé de árvore ou naquele quarto fechado
A beleza que estava neles fazia-me falar sozinho.
E o meu violão?
Forte, belo e inteligente
Ensinou-me a tocar com as duas mãos
Canções que continuam na minha mente.
No piano grandes nomes foram lembrados
Momentos inesquecíveis vividos
Quando as notas musicais no teclado
Tocavam sonhos proibidos.
Hoje, as casinhas de boneca sumiram
Os laços, as festas e as danças no tablado
Poucos traços deixaram
Já os livros? Ainda estão ao meu lado.
Com as águas de um rio
Nossa vida é muito parecida
Passam com tamanho brio
Que quando nos damos conta
Estamos já de partida
Mas de ponta a ponta
Deixou sua marca nas beiradas
Desde a infância até a velhice
Sem se importar com as crendices
Simplesmente passou...
E de nós, ainda dando risadas.