RETRATO DO PASSADO
Se uma foto falasse quanto diria da saudade
O amarelecido brotando ouros e nobrezas
A tristeza dos olhares, magnetismos de verdades
O cheiro drummoniano de enterro e certeza
De que o fim é a foto desbotada da mesa
As bocas fechadas são as grades da maldade
Esperando só o instante seguinte pra sobremesa
Lambuzar-se de tramas e traições numa tragédia da bondade
As rimas dos semblantes são ricas, belíssimas
O preto e branco mostra sobriedade grega
A revolta e a angustia bailam tristíssimas
Sobre o vestido remendado que um terço carrega
A foto esconde um passado perdido pedregoso
Como as pedras do seu riacho que chora dengoso