Noturno de Dezembro
(reedição)
Voltar no tempo... a infância é logo alí
na esquina do pensamento
onde meu paraíso eu escondi.
Faço essa curva aqui dentro do peito.
Revejo a casa antiga, os jardins na primavera
As músicas dos parques, as bonecas,
meus primeiros passos
nas regiões sagradas da terra.
Chamo nomes, acordo a vida.
Os recintos todos preenchidos.
Pai, mãe, irmãos, animais.
O tempo me cresce - sou trigo.
Anseio os campos da vida,
o cultivo dos seres,
os rituais dos anelos
o pó nos pés para sagrar a partida.
Encosto o rosto à janela, perscruto a noite.
As lágrimas banham a infância no coração.
Não há mais como dizer: volte!
O tempo recolheu a perfeição.