Espelho perverso
Apanhei uma foto tua no armário,
me olhei, abraçado a teu corpo, nela,
frente ao espelho grande do quarto
e senti ciúmes de mim.
Apaixonei-me também pelo teu fantasma
em rica demonstração de amor,
quase loucura.
Distancio-me de ti, agora, para me aproximar
de minha sanidade
e encontrar-me novamente.
O amor me entrega facilmente
em teus braços.
Eu, frágil como uma criança pequenina,
sem o afeto do mundo,
volto a clamar pelas lágrimas
para ainda saber que te amo
e que estou vivo.
Tu passas ligeira demais
frente aos meus olhos,
como se quisesse avistar-me entristecido
no desolado ato que conservo
de nunca te esquecer.
Por quê?
Resta-me quebrar o espelho e te esquecer...