MAR ONDE NÃO HÁ BARCOS HÁ SÓ MARÉS
Nesse vasto mar já não há barcos, há só marés,
Os barcos se perderam na imensidão do mar,
Ficaram as marés que se desfazem nas praias
De ilusões perdidas dum triste viver a penar.
Nem a lembrança dos tempos dos barcos guardo,
Porque a vida deixou de viajar nos meus barcos
Que os homens destruíram e fizeram desaparecer,
Os aviões destronaram os barcos, que são parcos.
Os barcos foram meus cúmplices, nesta vivência,
Que me levou e trouxe de África, minha ressaca,
Que me deixou prostrado sem nenhuma decência,
Nesta vida com a vontade própria, ultrapassada.
Eu vivo a envelhecer, os barcos perderam a vida,
Não os deixaram viver mais tempo tão merecido,
Não mais pessoas e bens viajaram nesses barcos,
Hoje para viajar de avião, os meios são parcos.
Neste meu mar onde já não há barcos, há só marés,
Restaram viúvas que se vingam dos homens cruéis,
Invadindo as suas terras com grandes inundações,
Provocando vastos prejuízos e muitas mutilações.
Moral deste poema: “Não tentes destruir o que tem
poder maior que tu e te pode destruir”.
Ruy Serrano - 27.08.2018