SOBRE O AMOR
quando minha mãe brigava comigo
o amor sentava-se entre nós,
ser invisível,
e fazia-me calar
e enchia o ar de silêncios,
era ele mesmo a bronca,
o banco, a voz:
- será que ela me ama?
- ela nem imagina o quanto...
mãe e filha se estranhavam
e eu ficava a fitar o nada
os olhos segurando as lágrimas
o peito segurando o ar
em seu olhar de mãe
eu enxergava o amor
e hoje, em sua ausência
sou-lhe tão grata, minha mãe
por esse amor silencioso
que me dispensava
com os olhos...
onde será que estás agora?
sinto tanta saudade da senhora...