MENINOS PELADEIROS DO QUADRO DE SÃO LUIZ

Juazeiro do Norte, Ceará
anos sessenta,
havia um campinho
de terra batida,
nosso campinho,
todas as tardes,
de domingo a domingo,
sob aquele sol ardente
meninos das ruas adjacentes
se reuniam assiduamente,
era sagrada a pelada
no Quadro de São Luiz,
Levi, Guri, Deda, Esquerdão,
Gutemberg, Zé Molhado,Tiê,
Edmundo, Patinhas, Sabão,
Borrego, Bico Fino, Biquinho,
Fumaça, Caveirinha, Orelhão,
meninos empoeirados, suados,
descalços, calções remendados.
Quando da bola confiscada,
pelo algoz Antonio Luiz
havia frustração generalizada
com a interrupção da pelada
no Quadro de São Luiz.
Visionário com a bola no pé
fui Amarildo, Didi, Coutinho,
fui Garrincha, Gérson, Pelé,
um peladeiro extremamente feliz,
sonhando artilheiro no Maracanã,
rachando no Quadro de São Luiz.

Autor Benedito Morais de Carvalho (Benê)
Livro: A poesia da calçada não vende ilusão.
Scortecci Editora (2020)