ENCONTROS E DESENCONTROS
É dia do passamento dum familiar,
Todos se reúnem para a despedida,
Maneira tão peculiar que é usada,
Pra lhe prestar a justa homenagem.
Saem da gaveta os fantasmas,
Revivem-se momentos antigos,
Lamenta-se os mortos fugidos
Deste Mundo, por desistência.
Comenta-se o seu difícil viver,
O modo estranho de morrer,
De repente sem se despedir,
Tudo o que andou a encobrir.
São encontros e desencontros
De vidas trocadas pelo futuro,
Do que ontem já é esquecido,
Por ter sido paraíso perdido.
Pintam-se paredes de negro,
Para tapar as faces tristes
Dos desiludidos dessa ilusão
De viverem como um vulcão.
Já não há esperança, esmorece
A vontade de viver de projectos
Que não passam de intenções,
E causam danos e descrença.
São encontros e desencontros
Sem história e sem fim, o final
De muitos capítulos vividos,
De ilusões e meros projectos.
Ruy Serrano - 28.02.2018