Sua rua...

 
Na sua rua floresceu o jacarandá.
Eu sei, você não está mais lá
e não pode mais ver as flores lilases
enfeitando os galhos, o áspero asfalto.
Mas quem sabe lá bem do alto
possas ver todas essas lindas fases
 
dos galhos secos cobrirem-se de flores;
de encher sua rua de lindas cores...
Ah! Eu sei que de onde você está
podes ver tudo, essa nossa saudade;
essa falta, essa ausência que nos invade...
Sim, pode ver bem mais que o jacarandá.
 
Ele é apenas a desculpa para a te falar.
Desculpas dessas de quem quer chorar.
Então o jacarandá é apenas um detalhe,
enfeitando a sua rua, a sua grande falta;
essa dor ainda tão grande, tão incauta!
Ah! Que nada nesse mundo me cale.
 
Mas me deixe gritar nesses versos,
pois só assim resisto aos reversos
que a vida permite  a alguém especial:
efêmera, mas bela tal a flor de jacarandá.
O que nos conforta é saber eterna onde está;
na sua rua e em nós... Sempre angelical.



Poema dedicado à minha mãe que está junto de Deus há dezesseis dias.
IMAGEM: Jacarandá da rua onde ela morava- clicada hoje dia 10 de setembro de 2017 por mim.