"NOSTAUGIAS"

Há que saudades que tenho,

Daqueles tempos de outrora,

Em que a vida era mais simples,

Não moderna como agora.

Do tempo de minha infância,

Das amizades sinceras,

Do luar do mês de agosto,

Das flores da primavera.

Das brincadeiras sadias,

Longe das tecnologias,

Das histórias de Trancoso,

Contadas por minha tia.

Das brincadeiras de roda,

Sem inveja e nem maldade,

Da vida simples do campo,

Sem os dramas das cidades.

Da saudade dos amigos,

Dos colegas verdadeiros,

Que sempre estavam por perto,

Sem ganancias e sem dinheiro.

Dos bate- papos sadios,

Da visitas de vizinhos,

Dos frios das madrugadas,

Do cantar dos passarinhos.

Do cafezinho quentinho,

Posto a beira do fogão,

Naquele bule de esmalte,

Grão socados no pilão.

Do cheiro da carne frita,

Da farofa de farinha,

Do cantar do galo rode,

E do grito das galinhas.

Feito no fogão a lenha,

Do milho assado na brasa,

Da pamonha e da canjica,

Que se faziam lá em casa.

Dos passeios de charretes,

Nos terreiros da fazenda,

Do grande engenho de boi,

E o roncar das moendas.

Do cantar dos viajantes,

O entoar dos seresteiros,

Dos vendedores ambulantes,

Que aportavam no terreiro.

Dos tempos de jovem guarda,

Que tinha letras a canção,

Do jogo com bola de meia,

Das petecas e do peão.

Das festas do mês de junho,

Das quermesses verdadeiras,

Dos foguetes e rojões,

Correr e pular fogueira.

Do banho lá no riacho,

De águas frescas e cristalinas.

Bebendo da água do pote,

Das cacimbas lá nas minas.

Do respeito que os filhos,

Dispensavam aos seus país,

Das bênçãos que se buscava,

Que hoje não se ver mais.

Das brincadeiras de pira,

Das voltas de monaretas,

Correndo de pés descalços,

Nos montes de terras pretas.

Do berrado dos bezerros,

Das madrugas no curral,

Do canteiro de hortaliças,

Das hortinhas do quintal.

De minha humilde escolinha,

De tábuas brutas amarradas,

Das cartilhas com desenhos,

As primeiras a serem usadas.

Do pequeno rádio de pilha,

Que nem todos possuíam,

Das modas de Teixeirinha,

Que por todo canto se ouvia.

Das cartas escritas a mão,

Que sempre se recebia,

Que nos matava a saudade,

De tantos que não se viam.

Das noites estreladas,

De um céu sem poluição,

Das noites de serenatas,

Para as donzelas no portão.

Da vida que era tão simples,

De tantos anos atrás,

Em que o homem era feliz,

E que não voltam jamais.

Cosme. B Araújo.

01/09/2017.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 01/09/2017
Reeditado em 02/09/2017
Código do texto: T6101806
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