A Garça

A Garça alçou o seu voo derradeiro.

Deixou pra sempre o pântano úmido

E a beleza deste um tanto desbotada.

Lágrima alguma impediu a debandada.

Deixou-se cair entregue ao lago inerte,

Enquanto a alma rompia o firmamento.

Quando o espírito do corpo se liberta,

Na beleza fugaz de um momento.

Pesou bem a vida daqui e de acolá,

Sopesando estranho sentimento:

Acomodar-se no aqui e no agora,

Ou partir pra desvendar o infinito?

Partiu! E o corpo afundou no lodo,

As plumas alvas já não prescindem

Na dimensão do tempo congelado.

Onde o amor e a vida eclodem.

A Garça branca que ali vivia...

Encontrou-se com seu amado então.

A nossa querida vovó Ritinha...

De braços dados ao vovô

Calixtão!

Uma homenagem à minha Vó Ritinha, que faleceu essa semana em Maringá/PR e que nasceu em Garça/SP.