Tua ausência

Escrever com o próprio punho,

no alto, no escuro,

no insustentável abismo.

No frio, no medo e no tudo,

onde contida e confusa,

sinto saudade de você...

Um sentir em silêncio,

no cinzento céu,

que no instante me assume,

e chora por mim.

Chora comigo.

Eu? Aonde estou?

E você, aonde está?

E me abraço fragilmente,

com quem não sabe e sente,

que o Universo conspira,

quando a Paz expira,

no suspiro derradeiro,

de um momento a mais.

Um vôo sem rota,

sem destino aparente,

quem sabe até mesmo,

sem volta!

E o medo geme,

no ranger do dente,

de tanto que me consome,

faz consumo de mim mesma.

Uma autofágica negligência.

Escrevo,

com o punho e o próprio,

quando ao meu redor,

não há rosto, nem há forma.

Tudo que entorna e transborda,

é sentimento meu...

E me incluo nesta quase vida,

sem ar e sem esperança no olhar,

lá bem distante,

onde o fundo do túnel,

é o teu olho instigante,

que me observa e investiga,

me despe, me invade,

com uma ânsia incontida,

e incontrolável paixão...

É quando pergunto:

E agora?

Se teu corpo,

foge da minha mão.

E eu não?

Ah...Que fugás ilusão...

Que me tem e não tem,

que nos tem e não tem...

Que fazer então?

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 09/10/2005
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