Tua ausência
Escrever com o próprio punho,
no alto, no escuro,
no insustentável abismo.
No frio, no medo e no tudo,
onde contida e confusa,
sinto saudade de você...
Um sentir em silêncio,
no cinzento céu,
que no instante me assume,
e chora por mim.
Chora comigo.
Eu? Aonde estou?
E você, aonde está?
E me abraço fragilmente,
com quem não sabe e sente,
que o Universo conspira,
quando a Paz expira,
no suspiro derradeiro,
de um momento a mais.
Um vôo sem rota,
sem destino aparente,
quem sabe até mesmo,
sem volta!
E o medo geme,
no ranger do dente,
de tanto que me consome,
faz consumo de mim mesma.
Uma autofágica negligência.
Escrevo,
com o punho e o próprio,
quando ao meu redor,
não há rosto, nem há forma.
Tudo que entorna e transborda,
é sentimento meu...
E me incluo nesta quase vida,
sem ar e sem esperança no olhar,
lá bem distante,
onde o fundo do túnel,
é o teu olho instigante,
que me observa e investiga,
me despe, me invade,
com uma ânsia incontida,
e incontrolável paixão...
É quando pergunto:
E agora?
Se teu corpo,
foge da minha mão.
E eu não?
Ah...Que fugás ilusão...
Que me tem e não tem,
que nos tem e não tem...
Que fazer então?