Retratos

Na minha boca agora amarga

O gosto do seu último beijo

Ontem eu era o norte e sul

Hoje estou perdido.

Como me despedaça lembrar

Das noites perdidas e choradas;

Um retrato na escrivaninha olhar

E não achar mais graça nas alvoradas.

Me disseram que o tempo é remédio santo

Pra corações que choram;

Eu queria de ti apenas o acalanto

Pra secar o rio que meus olhos deságuam.

O retrato sobre a escrivaninha

Cheiro de rosa desabrochando;

Tudo me faz imaginar ainda que tardia

Do amor no peito murchando.

Sabe aquele amor que um dia jurei

Entregar somente a você;

Mas um dia dentro do meu coração eu matei

Os sonhos, o retrato... vou esquecer.

Alban Lerrá Moura
Enviado por Alban Lerrá Moura em 11/09/2016
Código do texto: T5757694
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