Retratos
Na minha boca agora amarga
O gosto do seu último beijo
Ontem eu era o norte e sul
Hoje estou perdido.
Como me despedaça lembrar
Das noites perdidas e choradas;
Um retrato na escrivaninha olhar
E não achar mais graça nas alvoradas.
Me disseram que o tempo é remédio santo
Pra corações que choram;
Eu queria de ti apenas o acalanto
Pra secar o rio que meus olhos deságuam.
O retrato sobre a escrivaninha
Cheiro de rosa desabrochando;
Tudo me faz imaginar ainda que tardia
Do amor no peito murchando.
Sabe aquele amor que um dia jurei
Entregar somente a você;
Mas um dia dentro do meu coração eu matei
Os sonhos, o retrato... vou esquecer.