DELÍRIOS DE POETA . . .

quando ao poeta

faltam motivos,

razões, sentimentos,

lirismo, emoção...

o simbolismo do criar,

e vem, então,

o mais profundo abismo;

quando ao poeta

não restam mais idéias

e ele perde tato e intimidade

com palavras em versos;

quando ele se confronta

com a criação em fuga,

com o medo apavorante

de não ter o domínio

perfeito e delirante do nada...

daí, ele deixa de ser poeta;

é nada mais que lugar comum;

é lembrança que se acaba,

nas linhas vazias,

na solidão de noites

pensantes e frias;

é um simples mortal;

e o tolo e impotente,

chora, no fim

de seu último poema...

e sofrido, mas sem demora

e sem pena, triste,

dedo em riste, ele aponta

acena, apaga e devora !

(Tadeu Paulo – 2007)