Maio no coração
O mundo não era pra mim.
Ou eu não era pro mundo?
Nasci errado, de costas para esse vaso de flores
que Deus colocou sobre os campos.
Nasci com o cordão umbilical unido
à umas asas partidas, que nunca foram consertadas
por cântico algum que me subisse aos céus.
Tenho um olhar triste e turvo
pelas cruzadas que fracassaram,
pelo mel que enrouqueceu as abelhas,
pelo lenho que queimou as esperanças.
Eu preciso me renascer na noite
quando o dia entrega as chaves a Deus
para que eu me embale nas asas de minha mãe.
Que já não me basta nenhum mundo,
nem nunca bastará,
até o meu retorno ao seu amor.