A máquina de escrever

Noite de abril,

À meia-luz.

Uma fresta na janela espia

A antiga máquina de escrever

Que em tons de sépia

Permanece em silêncio,

Silêncio repleto das carícias da tua voz...

Uma fresta na janela observa

Os móveis da sala,

O autorretrato inacabado, ainda no cavalete,

E as rosas imóveis no vaso de cristal,

Vermelhas pétalas que perfumarão

Um livro de poesias...

Uma fresta na janela espia

E curiosa, não entende as lágrimas,

Quando olho tua fotografia

E a aconchego em meu coração.

Uma fresta na janela não imagina

O significado da Saudade

Da tua ausência, do Amor tão distante,

E da outra xícara de café vazia...

***

https://www.youtube.com/watch?v=AaKhIY6jPPk

Gigliola Cinquetti - Dio, Come Ti Amo - 1966