A Agulha, a Linha e O Dedal
In memoriam do meu avô Ângelo (Nego), o Alfaiate do amor.
Nas mãos firmes do Alfaiate dançavam a Agulha e a Linha.
Bailavam sutilmente em todas as direções,
Desenhando muitos movimentos e repetições.
Os tecidos coloridos se misturavam criando cenários para essa dança
E nas mãos do Alfaiate a Agulha e a Linha se transformavam em crianças...
O Alfaiate, como maestro desse espetáculo, erguia uma batuta especial.
De metal envelhecido pelo tempo e uso, assim entrava na dança da Agulha e da Linha o Dedal.
As Tesouras, as réguas de madeira e o giz
eram embalados por aquela música mágica criada pela máquina de costura
que enchiam os céus aos movimentos dos pés do Alfaiate no pedal...
Dançavam a Agulha e a Linha e com elas o Dedal!
Mas, a dança e a música são misteriosamente interrompidas
Por um silêncio pesado e mortal.
Ah!, amado Alfaiate, no quartinho de costura
Sem vida e alegria, ficam sozinhos a Agulha, a Linha e o Dedal!
O velho e querido Alfaiate, de rosto sereno, amoroso e angelical
Costurou entre nós corações e vidas com linhas coloridas,
Obras de arte, memória imortal!
E na Eternidade dançam outra vez como crianças nas mãos dele
a Agulha, A linha e o Dedal!
Ele nos deixou Saudades...