A Agulha, a Linha e O Dedal

In memoriam do meu avô Ângelo (Nego), o Alfaiate do amor.

Nas mãos firmes do Alfaiate dançavam a Agulha e a Linha.

Bailavam sutilmente em todas as direções,

Desenhando muitos movimentos e repetições.

Os tecidos coloridos se misturavam criando cenários para essa dança

E nas mãos do Alfaiate a Agulha e a Linha se transformavam em crianças...

O Alfaiate, como maestro desse espetáculo, erguia uma batuta especial.

De metal envelhecido pelo tempo e uso, assim entrava na dança da Agulha e da Linha o Dedal.

As Tesouras, as réguas de madeira e o giz

eram embalados por aquela música mágica criada pela máquina de costura

que enchiam os céus aos movimentos dos pés do Alfaiate no pedal...

Dançavam a Agulha e a Linha e com elas o Dedal!

Mas, a dança e a música são misteriosamente interrompidas

Por um silêncio pesado e mortal.

Ah!, amado Alfaiate, no quartinho de costura

Sem vida e alegria, ficam sozinhos a Agulha, a Linha e o Dedal!

O velho e querido Alfaiate, de rosto sereno, amoroso e angelical

Costurou entre nós corações e vidas com linhas coloridas,

Obras de arte, memória imortal!

E na Eternidade dançam outra vez como crianças nas mãos dele

a Agulha, A linha e o Dedal!

Ele nos deixou Saudades...

Van Luchi
Enviado por Van Luchi em 18/02/2016
Reeditado em 19/02/2016
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