Versos de Prece
No deserto de todas as almas
De quando em quando sou enganado
Em todo cabelo negro eu vejo o meu oásis
Mas ao chegar perto, a paisagem é miragem
A menina dos meus olhos quase adoeceu
De tanto brilhar por engano em morenas alheias
Porque a minha “preta”, aquela de quem eu fui
E de quem ainda sou, partiu, sumiu.
Eu que não a procuro diretamente
Faço isso o tempo inteiro no subconsciente
O mérito de tanto desejo é apenas do amor.
A ingratidão dela um vazio me deixou
Deveras não merece, mas ainda tem.
Foi tanta entrega que ainda não me tive devolução
Volto a mim aos poucos e aos cacos
E é tanto amor que eu ainda inflamo
A saudade vem, me pega e ela não me larga.
Torna-me refém, mas no cativeiro escrevo versos
Versos em prece para que talvez a preta volte
E tira-me dessa saudade que tanto tortura
Porque pra essa dor ela é que é a minha cura