SAUDADE AGONIADA
(Sócrates Di Lima)
Eu sempre me pego na saudade,
nas divagações dos meus dias...
Os devaneios faz grande ansiedade,
Que refletem em minhas poesias.
Lá fora a chuva escorre pela vidraça,
Parecem lágrimas dos olhos da paixão.,
A tarde úmida fria e cinzenta, fica sem graça,
Acompanha o descompasso do meu coração.
Abro a janela e nela debruço sobre o parapeito,
Olho além aos olhos e vejo uma selva de concreto.,
O silêncio absorvido pelo som da chuva faz efeito,
Talvez transborde a minha alma, não sei ao certo.
Só sei que essa saudade agoniada me pega de jeito,
Isto não posso ignorar.,
Ela chega com a chuva e traz-me dores no peito,
Dores de uma ausência que insisto em superar.
Esse alguém que mexeu com minhas vontades,
Esse alguém que distante insiste em me provocar.,
Com seu silêncio aflige-me e me inunde de necessidades,
Na vontade louca de com ela me encontrar.
E como eu quero, tudo está perfeito,
Há loucuras, mas também há serenidade.,
E há razão de invocar a emoção desse jeito,
Quero essa mulher me faz, de verdade
A insanidade bate ás minhas portas insistentemente,
Convoca-me a ir além das minhas possibilidades.,
Do outro lado não sei, distante é inconsistente,
Quiçá valeria a pena correr o risco dessas insanidades.
Posso e quero correr esse risco incondicional,
Quem eu quero buscar eu sei, pode estar a me pensar.,
Mas talvez inexista sinal de saudade igual,
Então é melhor relaxar e esperar a chuva passar.
Ou então, com os pés no chão...
Buscar um alguém mais perto,
O longe faz sempre uma fatal ilusão,
Em existir o que inexiste por certo.
Assim que a chuva passar,
E eu cair no meu real momento,
Hei de sozinho recomeçar,
Longe de uma saudade só do pensamento.