Sempre aqui
Quando tua morte chegou
Eu já estava preparado.
Havia organizado os papéis,
Havia pensado os detalhes,
Havia ensaiado as lágrimas
E os comedidos gestos fúnebres,
Mas não me preparei
Pra tua ausência!
Agora não sei que fazer
Com o espaço de sobra,
Com o segundo lugar do sofá,
Com a comida que é sempre muita,
Com o silêncio depois do bom dia.
Tua morte foi toda de uma vez,
Tua ausência chega toda hora.
A morte é aguda,
A ausência é crônica.
Tua morte ficou no campo santo,
Tua ausência está presente nas fotografias.
Belas doutrinas nos ensinam
Que a morte não é o fim,
Mas é sozinhos que temos de aprender
A viver com o sem fim da ausência.
É sonzinho que aprendo
A viver com o sem você aqui...