pedaço de tira
quando com a relva molhada
a juriti se encanta,
o que nos sobra é sorrir;
se em toda noite estrelada
é o mesmo nó na garganta,
o que nos sobra é chorar
se a cortina aberta
alegra a claridade,
o que nos sobra é sorrir;
se é numa rua deserta
que mora aquela saudade,
o que nos sobra é chorar
se a chuva cai e o telhado
diz que são beijos de amor,
o que nos sobra é sorrir;
mas se os olhos inchados
são o refúgio da dor,
o que nos sobra é chorar
se o joão-de-barro se alegra
com a casa que ele constrói,
o que nos sobra é sorrir;
mas se a madeira se prega
e o cupim vem e corrói,
o que nos sobra é chorar
se existem tantas verdades
e somente uma mentira,
o que nos sobra é sorrir;
mas quantas realidades
há num pedaço de tira?
quem descobrir vai chorar...