A paz e a dor de um infinito
De onde se vem?
De onde se tem?
De onde senão em mim?
O que perdi assim
Senão o próprio eu
Sovado em minhas próprias mãos?
À essa angústia que absorve e devora
Que aniquila a ordem e a memória
Que remédio se dá?
Como fazê-la parar?
Não sei.
Calo-me
Em cálice
O tempo passa
O relógio gira
A casa esfumaça
O cigarro pira
A luz lá fora pisca.
Assim como pisca
Dentro de mim uma chama de amor
Meio acinzentado, esfumeado, cheio de dor
Esperando o não sei o quê
Talvez o seio da mulher
Com o seu coração partido
Ou com o olhar de mar infinito
Não sei.
Fecho os olhos e sinto
A paz e a dor de um infinito.
(Marcelo Catunda 19/10/2014)