SAUDADE
(Sócrates Di Lima)
A saudade é um ponto luminoso,
No meio da escuridão,
É um caminho sem volta,
Virtuoso,
No meio do coração.
A saudade é tarde morta,
No inverno da minha vida,
É manhã primaveril,
Rosa, açucena, margarida,
Orvalhada e serena,
Numa noite febril,
De amor, dor e pena...
A saudade é moenda,
Que moi e remói,
A cana na fazenda,
E dói,
Que da vida ao boi,
que também tem saudade,
Da sua mocidade,
Quando velho e cansado,
Que rumina sua idade,
Quando a lembrança faz fenda,
com suas lágrimas da emoção.
Saudade que aos poucos corrói,
Lentamente fragmenta o coração.
Como gotas que os olhos cedem,
A saudade é uma moda,
De viola no sertão,
Que os amores medem,
No tempo que acorda,
Todo dia no coração.
Ah! A saudade faz miragens,
Que os olhos não vem,
Mas, a mente revelam a imagem,
Do grande amor,
A mais bela flor,
Que no peito retém,
Com todo ardor,
O retrato da própria saudade,
Que não tem idade,
E nunca se apaga do coração.