REMINISCÊNCIAS
REMINISCÊNCIAS
Aroldo camelo de melo
Lá estava a casa
Onde passei parte da minha infância!
Quis entrar, mesmo sem convite!
Cuidei que não seria necessário,
Afinal, eu não era um ignoto,
Vez que conhecia seu reboco,
Seu piso, seu telhado.
Aquela casa não poderia dizer
Que não me conhecia.
Nem ela nem ninguém se atreveria!
Queria ver o quarto
Onde sonhei uma eternidade.
Queria rever meus sonhos,
Compará-los com a realidade
Do que hoje sou.
Meu Deus! Como me afastei de mim...
Queria rever meu pai, minha mãe, meus irmãos,
Todos sentados em volta da mesa,
O cuscuz fumegando, a água, na chaleira, fervendo,
O café lançando seu aroma além fronteiras,
Meu irmão Moacir declamando
Castro Alves ou um cordel do tio Zé Camelo!
De repente, senti um calafrio.
E se não existisse
Nem mais rastro do que se foi?
E se deformaram e saquearam meu templo sagrado?
De repente me dei conta
De que a linha do tempo se partira.
Meu Deus! Como estou velho...
Meus sonhos se perderam
Nas encruzilhadas da vida!