REMINISCÊNCIAS

REMINISCÊNCIAS

Aroldo camelo de melo

Lá estava a casa

Onde passei parte da minha infância!

Quis entrar, mesmo sem convite!

Cuidei que não seria necessário,

Afinal, eu não era um ignoto,

Vez que conhecia seu reboco,

Seu piso, seu telhado.

Aquela casa não poderia dizer

Que não me conhecia.

Nem ela nem ninguém se atreveria!

Queria ver o quarto

Onde sonhei uma eternidade.

Queria rever meus sonhos,

Compará-los com a realidade

Do que hoje sou.

Meu Deus! Como me afastei de mim...

Queria rever meu pai, minha mãe, meus irmãos,

Todos sentados em volta da mesa,

O cuscuz fumegando, a água, na chaleira, fervendo,

O café lançando seu aroma além fronteiras,

Meu irmão Moacir declamando

Castro Alves ou um cordel do tio Zé Camelo!

De repente, senti um calafrio.

E se não existisse

Nem mais rastro do que se foi?

E se deformaram e saquearam meu templo sagrado?

De repente me dei conta

De que a linha do tempo se partira.

Meu Deus! Como estou velho...

Meus sonhos se perderam

Nas encruzilhadas da vida!

aroldo camelo de melo
Enviado por aroldo camelo de melo em 05/09/2005
Código do texto: T47813