SAUDADE
Quem inventou saudade,
Também tinha a maldade,
De separar quem se ama,
E longamente se derrama,
No coração aquele frio,
Quente com arrepio,
De quem somente espera,
Amor, parente ou paquera,
Há muito que não vem,
E não se sabe se também,
É espécie de morte,
Que se não mata, deixa forte...
E Camões não esconde,
Essa dor de não sei de onde,
É algo que só dentro ressoa,
Nisto nos presenteou Pessoa,
E saudade não se representa,
Se sentes e se não matas, aumenta...
Mestre Drummond não resistiu,
Mencionou saudades, até onde não existiu,
É algo que não pode esperar, tem urgência,
Falou-nos Clarice em momento de carência,
Saudade é algo na vida, da vida e é fato,
Neruda tratou-a como infinito abstrato,
Eu... Poeta... Não posso ficar de fora...
Também sinto, e escrevi... Por que sinto o agora.