CANTIGAS

CANTIGAS

Sentado na calçada

Esperando o calor passar

Não pude deixar de lembrar

O tempo das cantigas de roda

Que os tempos não trazem mais

O canto ficou pelo passado

Gravado num canto da mente

E agora com os olhos suando

Reaparecem encantando

Era tão bonito

A Ciranda cirandinha

Que ninguém mais quer cirandar

O atirei o pau no gato

Que não pode mais atirar

A capelinha de melão

Onde ninguém vai mais rezar

A Borboletinha

Que fugiu da casinha

O Cai cai balão

Não mais na minha mão

O Samba lê lê

Que não ficou doente

A galinha do vizinho

Que não bota mais ovo

Quem bota ovo agora

É supermercado

O boi da cara preta

Que não assusta mais ninguém

O Sapo cururu

E o que não lavava o pé

O pai Francisco

Que não entra mais na roda

Os escravos de Jó

Que não vão ao tororó

A Terezinha de Jesus

Que não vai mais a loja do mestre André

A canoa que virou

E não vai mais desvirar

O mundo girou

Mas o pião não roda mais

Ah!! Se essa rua fosse minha

Eu fazia tudo voltar

Pra sentado no meio fio

Voltar a cantar

Ciranda cirandinha

Vamos todos cirandar

E agora

Deixa a lágrima rolar

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 15/02/2014
Reeditado em 15/02/2014
Código do texto: T4691931
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