CANTIGAS
CANTIGAS
Sentado na calçada
Esperando o calor passar
Não pude deixar de lembrar
O tempo das cantigas de roda
Que os tempos não trazem mais
O canto ficou pelo passado
Gravado num canto da mente
E agora com os olhos suando
Reaparecem encantando
Era tão bonito
A Ciranda cirandinha
Que ninguém mais quer cirandar
O atirei o pau no gato
Que não pode mais atirar
A capelinha de melão
Onde ninguém vai mais rezar
A Borboletinha
Que fugiu da casinha
O Cai cai balão
Não mais na minha mão
O Samba lê lê
Que não ficou doente
A galinha do vizinho
Que não bota mais ovo
Quem bota ovo agora
É supermercado
O boi da cara preta
Que não assusta mais ninguém
O Sapo cururu
E o que não lavava o pé
O pai Francisco
Que não entra mais na roda
Os escravos de Jó
Que não vão ao tororó
A Terezinha de Jesus
Que não vai mais a loja do mestre André
A canoa que virou
E não vai mais desvirar
O mundo girou
Mas o pião não roda mais
Ah!! Se essa rua fosse minha
Eu fazia tudo voltar
Pra sentado no meio fio
Voltar a cantar
Ciranda cirandinha
Vamos todos cirandar
E agora
Deixa a lágrima rolar