Tardia Manhã
Nesses olhos da tarde brilha a alegria
de uma eterna manhã;
na luz d’Alva o passado se esvazia
numa razão terna e sã.
E no aroma da brisa desliza o frescor
do orvalho vertente nas folhas;
e em toda trilha das bolhas,
a matiz de raio frutacor.
Amanheceu nos meus olhos
a cálida lágrima, o doce afã,
acendendo a réstia de luz
adormecida no inconsolável divã.
Nasci, como renasce a esperança
como renova a lembrança
antes tarde, mas bem ledo
do que nunca cedo.
Sorri, na paz de uma criança,
um alegre suspiro no giro da roda gigante
que passou estonteante,
levando a vida, virando a dança...
Vivi, servi, sonhei, aguardei
no solar de todas as tardes
Sofri, sonhei, amarguei
na bruma de todas noites vãs
Acreditei, pressenti, senti, vislumbrei,
e revi, como em todas manhãs...
(dfh/25fev99, Jardim Umarizal, São Paulo-SP)