CANDEEIRO
Na noite escura uma chama se acende.
O candeeiro aos poucos vai iluminando,
Com sua luz trêmula a escuridão da noite
Onde lá fora vai espalhando seu manto,
E na pequena cozinha a família se reúne,
Esperando que o feijão requentado de ontem,
Hoje sirva de alimento para quem tem fome,
Os filhos do homem da roça que capina a terra,
E da mulher valente que engrossa a sopa
Colocando pedaços de couve colhida na horta,
Junto com o fubá de milho para dar sustança
E a família devora após fazer as orações.
Candeeiro amigo que vai então para a varanda,
Compartilhar com a lua a felicidade da família,
Onde os acordes da viola se espalha aos pouquinhos,
Com a voz de uma criança cantando uma música caipira,
Que se ouve bem lá longe silenciando até a natureza
E todos se calam ouvindo a voz maravilhosa,
Até os animais e pássaros cessam então seus alaridos,
E a cachoeira que despenca em fúria das alturas,
Se acalma quando o rio repousa nos remansos.
No cessar da música que parece entoada pelos Anjos.
As estrelas lá no céu piscam, piscam sem cessar
Sabendo que naquela pequena casinha de sapé,
A felicidade mora mesmo que passem privações,
Não tendo nem a luz que ilumina outras moradas,
Mas todos felizes se recolhem para seus descansos,
E o candeeiro amigo vai iluminando seus caminhos,
Até que se apaga e a escuridão volta então a reinar.
02-06-2013