Depois do fim

E agora com todos os espaços

Vasos quebrados e flores caídas

Figuras cortadas e sorrisos escassos

E agora com a memória desejando o inferno

Expondo meus pequenos medos

E alguns segredos teus...

E agora com essa porta ainda aberta

Que escancara meu lado de fé

Na eterna agonia ainda de pé

E agora com tanta gente lá fora

Que se encontra e desencontra

E aqui dentro um vão só

Um “não” ecoando nos corredores de mim

E agora que a saudade encosta a janela, entreaberta ainda

Como quem espera pousar e repousar aqui

Como quem não crê naquilo que finda

E agora rabiscando paredes

Passando um café pra passar o tempo

E ressentir-se do vento que a carregou daqui

E agora que não se reconhece mais

E pra ele tanto faz

O que digam de sua ausência

Do presente que não se marca

E a saudade, que só lembra passado, que corta feito faca

O peito amargo de quem não é mais poeta vivo

Sobrevive nos antigos rabiscos em preto e branco

Dos versos que não assina

Pois não há quem os sinta

Pedro Hermes
Enviado por Pedro Hermes em 11/08/2012
Código do texto: T3825749
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