FAMINTA SAUDADE

Como é gostoso me lembrar

Dos meus tempos de criança

Mamãe chamava a merendar

Era então aquela comilança.

Na cozinha o cheiro de curau

Minha mãe só no vai e vem

Arrumava as coisas no jirau

Lembrança mais bela não tem.

Quando era o dia de canjica

Socava o milho no velho pilão

Soprava o farelo na barrica

Sacudia a peneira com a mão.

Não esqueço nunca da tapioca

Saudosa delícia de dar bicota

De leite e farinha de mandioca

Um prato cheio era minha cota.

E o moreninho arroz-doce

Com canela, açúcar queimado?

Se uma menina eu ainda fosse

Na panela sobrava era nada.

E o fofo bolo de fubá então

Assado ali mesmo na chapa?

Delícia de arrasar o coração

Não sobrava nem a rapa.

Os bolinhos fritos, de polvilho

Com leite adoçado ou chá

Tinha também os de milho

Da famosa marca “Sinhá”.

Doces rosquinhas de araruta

Não posso nem me lembrar

Para se comer não tinha luta

Derretia na boca só de pensar.

Não me esqueço do melado

De cana moída no engenho

Comia-se com queijo ralado

Doces lembranças que tenho.

Ideia na cozinha não faltava

Para o nosso lanche da tarde

Mamãe sempre se desdobrava

Era mulher “do lar” de verdade.

Hoje vivo c’a faminta saudade

Desse distante passado suculento

Aquilo sim, era mesmo felicidade

Ah! Longes e ternos momentos!

Sonia de Fátima Machado Silva
Enviado por Sonia de Fátima Machado Silva em 24/05/2012
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