SAUDADE
(Sócrates Di Lima)
Todo dia é dia comum,
Todo dia amanheço,
E sem motivo algum,
Nem me reconheço.
Não mais me interessei por ninguém,
Parece um pacto entre a gente,
Não deixei ninguém me tocar também,
E não consigo tocar em ninguém, mesmo que eu tente.
Eu sei, e triste sei que sua vida continua,
Que as promessas juntos morreram,
E que a minha e a vida sua,
Neste mundo pereceram.
Tenho uma saudade infinita,
Daquelas que em minha alma grita,
O que vivemos nem se cogita,
Talvez, não mais a outra meu querer permita.
Ah! Essa saudade cheia de tiranias,
Que me faz velejar sem destino,
Tento esquecer escrevendo frases e poesias,
Mas, nem assim, esqueço do " Eu" , homem menino.
Aquele menino homem que foi tão feliz,
Que viveu uma história de plena loucura,
Ao lado da mulher amada loucuras eu fiz,
Porque minha alma viveu essa ternura.
Não sei se a vou esquecer,
E nem aqueles momentos reviver,
Mas, estou aqui, tentando converter,
Toda esta saudade que faz a mim, desconhecer.
Lamentos?
Talvez!
Culpa, meus tormentos,
Fui eu, o ingrato, mais uma vez.
Intempestuoso,
Incompreensivo,
Talvez....meu efeito danoso,
Meu mal, corrosivo.
Entâo,
Pago pelo meu pecado,
Trancafio o meu coração...
No calabouço do meu ser abnegado.
O mais triste da saudade,
É abortá-la,
E na dureza do coração sem piedade,
Não querer aceitá-la.
Porque tenho que ter saudade?
Porque essa ordinária me atormenta?
Não tenho paciência e nem idade,
Para me entregar a esta saudade miserenta.
Então, me entrego à poesia,
Relato a ira de mim mesmo,
" Mea culpa" sem hipocrisia,
Então, que me leve esta saudade a ermo.