Bordando em cruz o teu destino na tela do tempo que se findou...
C'os pequeninos dedos cerzi ponto a ponto lembranças que tricotei,
No esgarçar da vida que puiu nossos recortes em branco e preto...
Foram tramas e alfinetes no alinhavar da nossa história...
Feito carbono, borrou, lado a lado; manchando o que evapora
Dos nossos anelos e castelos destruídos...
Na forragem despetalada que não reprisa...
Vendo-a inerte nesta colcha emoldurada
Na penugem deslumbrante da paisagem...
Indelével, que ausente, não mais pulsava...
E, o tempo, ah o tempo...
Passou cruzando em ponto de cruz,
Na lousa branca virginal do ocaso,
Que mansamente,
se afastou...
da minha visão,
enturvada...
nos singelos
e sensíveis dedos...
dos meus bordados!