MINHA ESTRADA

Só um caminho, estreito, sinuoso, assim foi seu princípio.

Garoto, percorri afoito, tropeçando, caindo, machucando meus pés.

Busquei miragens, num passo de menino, correndo, querendo logo chegar,

E quando atingi o ápice de minha existência, minha infância se desmanchou,

Pois criança já não era, a fase de encantos num repente sumiu, e eu

chorei.

Ficaram saudades, meus pés descalços percorreram longas distâncias.

Vi campos floridos, o verde das matas, sentindo o perfume das flores,

Cúmplice que fui da natureza amiga, confidente de todas minhas incertezas,

E o córrego saltitante, batendo nas pedras, bem sapeca, adquirindo vida,

Matava minha sede com a água pura, farta, que deliciava todo meu ser.

Logo adiante o caminho tornou-se viril, mesmo assim não descansava.

Procurava alento, sonhava com mil saudades, só minhas, de mais ninguém,

E no crepúsculo com o sol se mostrando vaidoso, querendo se esconder,

Acelerei meus passos, procurando abrigo onde minha alma queria chegar.

Repousei então meu cansaço dormindo sereno, e no alvorecer, acordei.

A estrada da vida, minha confidente, na qual percorri sem pressa,

Foi serena, como uma onda do mar que desmancha na areia e depois se perde,

Fez de mim um apaixonado pelas coisas belas da natureza que jamais agredi,

Tendo ali bem perto um lago azul com a brisa suave fazendo remansos na água,

Com suas bordas repletas de flores lindas, azuis, brancas, amarelas, vermelhas, todas cheirosas.

Foi assim, percorri inúmeras paisagens, vivi muito minhas emoções,

Amei intensamente, de mãos dadas vislumbrei cenários deslumbrantes,

Olhando o azul do céu, o verde das matas, o sorriso de uma criança,

E a estrada agora mais longa, infinita, que caminhei ao longo da vida,

Não machuca mais meus pés, dela só sinto saudades, muitas, que queria um dia voltasse.

10-04-2012