Velha Casa

Velha Casa

Era uma velha casa

velha de ter até teias de aranha

e porões habitáveis

e janelas grandes

e pé direito alto

e assoalho de tábuas finas.

Tinha um jardim

de flores, quantas flores!

Um jardineiro

velho como a casa

sobre elas se debruçava

a tratá-las com desvelo.

Via-se uma lagarta caminhando

sobre as folhas

e mais além outra,

já transformada em borboleta,

alçava vôo.

Parece-me que ali

as tardes eram mornas,

modorrentas e tranqüilas.

Hoje

no lugar da velha casa

ergue-se, imponente,

moderno arranha-céu.

O jardim e o jardineiro,

como a casa,

desapareceram.

Foram-se as flores, a lagarta,

a borboleta.

Junto com todos

foi-se também

a minha infância.

Lu Narbot

Do livro Versos ao Longo do Caminho - Campinas, 2004

Lu Narbot
Enviado por Lu Narbot em 12/03/2012
Código do texto: T3550103
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