Há tempos
Há tempos vivo precisando
Inventando, reinventando, me recriando
Há tempos vivo bagunçado
Espalhado, feito quarto de república
Há tempos me atravessa tudo
Peito, alma e o que ninguém sabe
Há tempos que me deixas metade
Sendo quase nada
Pois sou minha metade
Há tempos canto nas janelas
E nunca acerto a dela
Há tempos de coração desapropriado
Repleto de reformas
Que sempre nega e resiste
Há tempos que quero que passes
Pra que eu te cure
E te escute bater de novo
Junto ao meu
E na minha porta vazia