Aço da Saudade

Lamina cega que ao pulso cerra

O frio do metal confronta-lhe a face

Que ocultas sinais e tremores

O teu golpe que do frio sangue jorra

Esvaziar se faz em copos rasos

Um sorriso disperso e atento

Inquieto espera o desferir

Não mais que o tempo o machuca

O aço da saudade que penetra

Sóbrio o corpo empilha na vala

A guia o toma como morto

Da bebida que exala pela entranha

Usurpar se faz na insensatez

Á cólera que teu rosto assola

A solidão que dispersa em pensamento

Entorpecido arremessa teus olhos ao céu

Do arrependido Deus que lhe oculta à face

Torto mendigo de esfacelados pecados

Se o inverno que à tarde trás e o congela

A lápide envelhecida em negrito o traga

Amarga e cala a voz que por vez

Outrora não só a matéria se desfaz

A maldita saudade como homem carregou.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli

Abril de 2008 no dia 01 / Arujá (SP).

zacarelli
Enviado por zacarelli em 10/11/2011
Reeditado em 10/11/2011
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