Minha Casa
Na casa onde tanto tempo vivi
as paredes conhecem-me os pensamentos
e adivinham-me os sentimentos
apenas pelo tom de voz;
o chão onde piso sabe
pelo peso das passadas
se estou alegre ou triste.
Na casa palpitam sonhos,
projetos e fantasias,
realizados ou não;
voz de criança brincando,
chorando ou fazendo birra,
sons de adeuses e bons-dias;
impregna o ar o cheiro
de café recém coado
de comidinha caseira;
ah! o odor da dama-da-noite
faz ser verão o ano inteiro!
As janelas desta casa
abrem-se para o mundo
que entra por suas portas.
Velha casa, casa minha
quantas lembranças encerras
em teu corpo tão antigo,
dos anos que em ti vivi.
Lu Narbot
Do livro Versos ao Longo do Caminho - Campinas, 2004