Quando a dor vira poema
(com agradecimento ao poeta Mauro Veras)
Para quem não viveu a perda,
não sofreu a angústia,
ou restou descrente,
tudo parece um filme, uma cena.
Hoje o dia enegreceu.
De repente, surgiu a verdade.
Aquela que me recuso ver.
Eis que finalmente
a morte mostrou a face.
Olho uma foto; e a lembrança
chega de rasteira, espreme meu peito.
Digo a mim mesma: não!
E como que por maldade,
ela me diz: sim!
Hoje não há lagrima; a saudade,
a perplexidade, não permitem.
Ainda permaneço no chão caída,
sem acreditar, sem querer acreditar.
Hoje estou morta junto
Não existo para o mundo.
Dor sem nome
inconsolável, inconcebível
eterna.
É minha dor virando poema.
(Vera Sarres)