DO LADO DE CÁ DO ARCO-ÍRIS
(Sócrates Di Lima)
Nas pedras da saudade tua,
Os pés da minha alma pisa,
Às sombras do Sol e da Lua,
Caminho ao relento e sem tua camisa.
Vestes do meu corpo Despido,
Da presença que teu coração me faz,
Sinto meu desejo vestido,
Do amor que a cada dia se refaz.
E tua saudade me mata,
Me toma nos braços da noite,
E o vento que sopra da mata,
Bate em mim feito um açoite.
Melhor seria esta saudade,
Do que a presença da amada?
Por certo não seria realidade,
Esperar, esperar sem dizer nada.
E confesso que eu não troco,
Tu, minha deusa mulher,
Por esta saudade e sufoco,
Que de mim faz o que quer.
Doces criaturas dos céus,
Anjos que me acendem ao anoitecer,
E cobre-me com seus véus,
Da saudade que vem me enternecer.
E por desejo de minha alma inquieta,
Resisto ao choro do peito vazio,
Onde tudo se acomodou num refugio,
No coração de amor deste poeta.
Mais vale a presença do teu corpo em mim,
Do que esta saudade que me escandaliza,
Mas por certo terei que resistir até o fim,
Ematar esta saudade na tua brisa.
E, por que demoras tanto?
Se é tanto o amor que te espera,
Minha amada Basilissa não tenho pranto,
Pra saciar a minha sede tua, que rosna feito fera.
E porquanto, te espera meu coração,
A cada desperta que desortina minha íris,
Olho á distância linear do corpo em epupção,
Do lado de cá do arco-íris.