Da Minha Terra
Estrada de chão batido, pedras e pó
A espera da chuva,
Num verão com gosto de saudade,
Tentando esconder um inverno aturdido.
As colinas pareciam que andavam,
Esquadrinhando o tempo.
Roubavam as primaveras gestadas,
Dos outonos que padeciam.
Aquele povo, de tantos rios livres,
Não lamentava,
Nem cobrava da imprevisível natureza,
Perdas de alguns de seus recantos.
Tão tenra era a terra respeitada,
Que as árvores respondiam.
Brincava-se com a vida e o medo,
Sem saber que logo adiante havia guerra.
Aos que amaravam de fato o passado,
Lá deixaram suas verdades.
Talvez um pranto com gosto ardido,
Ao perder uma amizade por falta de tato.
O cheiro do mato, o gosto das luas,
Um sino que grita,
Na solidão de uma trama desdita,
Que já fez guarida numa nevada de agosto.
Sob o cimento vaidoso e inclemente,
Dormem cânticos de natal.
Donzelas e moços, são sonhos alcoviteiros,
De um período sábio e nem tanto idoso.