INTEGRAÇÃO
09.02.94.
Me foste por quatro horas
Nova versão, nítida projeção
Um novo suspiro
Novo sorriso
Foi como encontrar
Na vasta milha do Universo
No mistério de teu ar risonho
Na realeza de teus passos tímidos
Toda a prática salubre de amor
Quem sabe aventura melhor
Que arrojar um coração
Dos cumes gelados
No fervor da cratera do vulcão
Dormir também é sonhar...
De maneira conflitante
Tornou-se esse meu medo de te perder de vista
Teus passos nessas ruas da capital
Cidade que acomoda mortais
Cidade que incomoda o cais
Cidade que comporta rituais
Na vastidão dos dias
Quando julgava nunca ter imaginado e
Já te sabia
No íntimo, lá pelas tantas horas
Nesses meus poucos desejares
Hoje é o tempo
Eu sei disso
É o tempo que limita a expansão
Dos lugares que ouso ocupar
Amanhã
O relento, o clarão fosforescente
Imitarão meu ímpeto
De chorar entre as pedras
Quando chega o Sol e
Apagam-se essas luzes artificiais...
Como se pôr coerente
Com tua imagem na mente?
Transcende como um beliscar
Um lampejo na cara de quem quer dormir
Uma luz no fim
Uma única possibilidade: você
Aliás, falando nisso, cadê você?
(numa metrópole como essa, passamos uma vida toda cruzando com novas pessoas pelas ruas, raramente ocorrem reencontros; de certa forma, melhor que seja assim)