ROSAS PARA MAMÃE

Mamãe...

Hoje, eu não podendo abraçá-la

Venho lhe trazer rosas

Em tua lápide vou depositá-las

Sabe aquela roseira

A última que a senhora plantou

Entre a casa e a porteira

Lindas rosas ela desabrochou

Pois é... Deus então te escolheu

Nem esperou o dia que ela floriu

Prontamente o obedeceu

Para atendê-lo você partiu

Levastes nas mãos marcas de espinho

Na alma certeza de o dever cumprido

Ficaram tua ternura e teu carinho

Em nossos corações partidos

“Eis, aqui”... São belas e perfumadas

Tem nas pétalas a ternura “do teu amor”

Simboliza a luta e a missão

Que a ti Deus confiou

Tem tua devoção tua fé e simplicidade

Receba-as como louvor e oração

Para que eu afogue minha saudade

Lembro-me as noites geladas

O monjolo naquela casinha

Eu criança sonolento como quê

Preparavas o milho para farinha

Com a lamparina eu iluminava pra você

Ao despencar d’água na bica

No seu continuo borborim

Como uma chuva fina

As gotículas cristalinas

Espirrando sobre mim

Pelas frestas das madeiras

Que serviam de parede

Eu contemplava na escuridão

Um céu coalhado de estrelas

Formando cidades constelação

Vez por outra La muito além

Bem ao meio do cerrado

Um grito que dizia foi, foi, foi...

Era urutau, parecia ser de alguém

Que gritava apaixonado

Enquanto insistia no seu grito

O urutau impertinente

Viajando pelo infinito

Corria uma estrela cadente

Faiscando na escuridão

Despencado do alto cosmos

Vinha abaixo em nossa direção

...Tudo isso eu tenho guardado!

É uma doce lembrança!

Reminiscente e engavetado...

Às vezes extravasam... E escorre

Fragmentos de minha infância

Uma utopia que nunca morre!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 06/05/2011
Reeditado em 09/05/2018
Código do texto: T2952992
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