ROSAS PARA MAMÃE
Mamãe...
Hoje, eu não podendo abraçá-la
Venho lhe trazer rosas
Em tua lápide vou depositá-las
Sabe aquela roseira
A última que a senhora plantou
Entre a casa e a porteira
Lindas rosas ela desabrochou
Pois é... Deus então te escolheu
Nem esperou o dia que ela floriu
Prontamente o obedeceu
Para atendê-lo você partiu
Levastes nas mãos marcas de espinho
Na alma certeza de o dever cumprido
Ficaram tua ternura e teu carinho
Em nossos corações partidos
“Eis, aqui”... São belas e perfumadas
Tem nas pétalas a ternura “do teu amor”
Simboliza a luta e a missão
Que a ti Deus confiou
Tem tua devoção tua fé e simplicidade
Receba-as como louvor e oração
Para que eu afogue minha saudade
Lembro-me as noites geladas
O monjolo naquela casinha
Eu criança sonolento como quê
Preparavas o milho para farinha
Com a lamparina eu iluminava pra você
Ao despencar d’água na bica
No seu continuo borborim
Como uma chuva fina
As gotículas cristalinas
Espirrando sobre mim
Pelas frestas das madeiras
Que serviam de parede
Eu contemplava na escuridão
Um céu coalhado de estrelas
Formando cidades constelação
Vez por outra La muito além
Bem ao meio do cerrado
Um grito que dizia foi, foi, foi...
Era urutau, parecia ser de alguém
Que gritava apaixonado
Enquanto insistia no seu grito
O urutau impertinente
Viajando pelo infinito
Corria uma estrela cadente
Faiscando na escuridão
Despencado do alto cosmos
Vinha abaixo em nossa direção
...Tudo isso eu tenho guardado!
É uma doce lembrança!
Reminiscente e engavetado...
Às vezes extravasam... E escorre
Fragmentos de minha infância
Uma utopia que nunca morre!