O coração que perdi
Alguém encontrou?
Aprisionado ou amordaçado
Aquele que bombeava
Sangue para todo lado?
Se avistá-lo, avise-me, por gentileza
Já o procuro a dias, sem vitória
De repente, adoeci por tristeza
Desde então, perdi a memória
A luz que eu tinha
Em meu sorriso branco
Hoje, não mais exprime
A sensação de ser franco...
E aquela força de outrora...
Aquela vontade de mudança?
Hoje, não passa de repetição
De tudo que é herança
Onde se foi aquela pele macia?
Aquele rosto imaculado?
Onde foi parar a doce ternura
Que eu tive e agora é passado?
Tudo isso por conta
Da falta do coração
Que antes era meu
Agora, não sei, não
Puxa...faz-me tanta falta!
Quando estava contente
Batia descompassado
Quando em paz ficava
Ao seu tempo se regulava
Juro não saber o que houve
Para mim, é tudo novo
Este velho sentimento
Neste corpo tão oco
Ele se foi a um bom tempo
Mas, hoje, percebo a falta que faz
Ele partiu e deixou um espaço tão vazio
Que nem o tempo ao menos, desfaz
Já fiz uma placa
Com os seguintes dizeres
“Se voltares para mim
Não farei mais sofreres”
Prometo isso do fundo do coração
[que perdi]
Mas sinto que está por perto
Que ainda possui vida
Ele estava doente, foi maltratado
Precisa de carinho e todo cuidado
Já avisei às autoridades
Já fui aos locais por onde passei
Já pedi piedade aos transeuntes:
“Vá com cuidado, há um coração perdido e machucado”...
Mas todos dão retorno negativo!
Será esse meu triste destino?
Em todo caso, fica aqui minha denúncia
Como quiserem chamar: meu alerta ou minha notícia
O caso de quem perde um coração:
Para fazer de seu senhor, um escravo
Para viver sua infeliz sina em renúncia!