O coração que perdi

Alguém encontrou?

Aprisionado ou amordaçado

Aquele que bombeava

Sangue para todo lado?

Se avistá-lo, avise-me, por gentileza

Já o procuro a dias, sem vitória

De repente, adoeci por tristeza

Desde então, perdi a memória

A luz que eu tinha

Em meu sorriso branco

Hoje, não mais exprime

A sensação de ser franco...

E aquela força de outrora...

Aquela vontade de mudança?

Hoje, não passa de repetição

De tudo que é herança

Onde se foi aquela pele macia?

Aquele rosto imaculado?

Onde foi parar a doce ternura

Que eu tive e agora é passado?

Tudo isso por conta

Da falta do coração

Que antes era meu

Agora, não sei, não

Puxa...faz-me tanta falta!

Quando estava contente

Batia descompassado

Quando em paz ficava

Ao seu tempo se regulava

Juro não saber o que houve

Para mim, é tudo novo

Este velho sentimento

Neste corpo tão oco

Ele se foi a um bom tempo

Mas, hoje, percebo a falta que faz

Ele partiu e deixou um espaço tão vazio

Que nem o tempo ao menos, desfaz

Já fiz uma placa

Com os seguintes dizeres

“Se voltares para mim

Não farei mais sofreres”

Prometo isso do fundo do coração

[que perdi]

Mas sinto que está por perto

Que ainda possui vida

Ele estava doente, foi maltratado

Precisa de carinho e todo cuidado

Já avisei às autoridades

Já fui aos locais por onde passei

Já pedi piedade aos transeuntes:

“Vá com cuidado, há um coração perdido e machucado”...

Mas todos dão retorno negativo!

Será esse meu triste destino?

Em todo caso, fica aqui minha denúncia

Como quiserem chamar: meu alerta ou minha notícia

O caso de quem perde um coração:

Para fazer de seu senhor, um escravo

Para viver sua infeliz sina em renúncia!

Daiane Cristalina
Enviado por Daiane Cristalina em 06/04/2011
Reeditado em 07/04/2011
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