Último crepúsculo


 
Nuvem de saudade
Cobriam o último crepúsculo
E a noite chegou inexorável.
Seus olhos se apagaram,
No mundo  tudo silênciou.
E a noite se fez eterna.
Haverá vida após a morte?
Com certeza deve existir,
Pois se há morte após a vida...
Tão velho é o mundo
E a vida tão breve
Que não houve tempo,
Nem para o último adeus,
Nem para um último lamento,
Antes da última viajem.



"DESMAIO":
 
Primeiro foi uma explosão, 
 Abafada, muito lá dentro de mim;
Uma explosão contida, curta.
Um inverso da criação.
Posteriormente a sensação de luz:
De início um violeta suave, doce;
Em seguida, vermelhos e laranjas,
Quentes, ácidos, despertantes;
Em uma revolução crescente,
Com movimentos centrípetos.
Num dado instante tudo cessou,
Um vazio completo se fez
E uma névoa de alvor cintilante,
Etérea, vigorosa, sobranceira,
 Dominou o vazio, completando-o;
Fartando-o de substância vital.
Então, sobrevieram os sons.
Pareceram-me oboés, vários oboés,
No entanto poderiam ser requintas
Ou, quem sabe, flautas transversas.
Somente depois, bem depois,
Vieram as sensações físicas:
Vozes, odores, um frio viscoso
E uma intensa dor por todo corpo.  
Senti uma mão em meu pulso
E um nauseante hálito de cerveja,
Que me sufocava e enjoava.
Quando abri os olhos, vi a terra,  
Suja, áspera, seca; mas gostei.
Afinal de contas, estava vivo.

Obrigada querido poeta, fiquei muito feliz com sua bela interação!