Memórias

Revejo de repente a criança
Que batia o pé e teimava com certeza
Estou de mau pra sempre...
E todos os dias uma nova fantasia...
E toda briga era “pra sempre”.
Hoje essa lembrança me põe desenxabida
Pensar que agora sei que nada é tão pra sempre
Pêndulo das horas de batida dolorida...
Queria trazer-te de novo pro presente;
E justo essa distância que queria finda,
Se agiganta como o monstro que, na infância
Pousava ao pé da cama e punha a noite mal dormida.
Deus! Essa saudade é tão imensa!!!
Parte desse peito e não me deixa
Perde-se no horizonte além da vista
E, entretanto, fica.
E eu aqui, tão velha...tão criança...
Queria saber de ti,
Acerca da lição que não aprendi,
Lição tão nova e tão doída...
Será, meu Deus, assim tão dolorido?
Eu não sabia que “pra sempre”
Era assim tão longe...
Maior que o horizonte... Tão comprido.