tinta forte*
do alto do monte avisto a cidade
e ela parece estar descansando
as ruas parecem estar conversando
e vai parecendo que sinto saudade
do tempo que a gente andava sem medo
de ser assaltado, de bala perdida
de ter confundido o sentido da vida
que não era mais que pra nós um brinquedo
lá embaixo a textura que se desenrola
não é a da tinta que cobre a parede
envolve uma febre que dá muita sede
nos deixa sem sono, sem paz, nos imola
me dá uma saudade do tempo da rede
do pé de abiu, de comer carambola
*dedicado com extremo carinho à cidade do Rio de Janeiro