“Há, ainda”

(Luiz Henrique)

Há vida, ainda
Vi pela fresta da porta:
Os pensamentos se voltaram
para a vida em outra dimensão

Raríssimas prosas cativam
Poucas coisas motivam
senão a poesia torta
em tua inspiração



Há desejo, ainda
Um pulsar adolescente
Típico frenesi
da paixão em demasia

Faz-se doce veneno
Para o sonho pequeno
Num solitário, momentâneo
e enganoso prazer da fantasia



Há amor, ainda
Um amor sem medida
Que alimentado pela esperança
impõe voluntário celibato
ao ermitão em cativeiro

Uma única certeza
Tal a morte para o coveiro:
Presos a esse amor estamos ambos
Você dentro - encarcerada
Eu fora - carcereiro.



Há saudade, ainda
Freqüente, intensa e indolor
Pelo tanto que te amo
E pelo que outrora você me amou

E tão heroicamente
tenho resistido à distância
e à tua mudez costumeira
que até a dor - íntima e nefasta companheira
de mim se cansou



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Imagem google
Autoria desconhecida