Que a morte nos separe
Fique calado, não abra sua boca.
A luz do luar já tem o que dizer sobre nós.
Deitada ao teu lado, no escuro mais silencioso vivido por nós,
Enquanto outros pegam na mão, eu olho para o céu e vejo apenas escuridão,
Mas eu sei que você ainda está aqui ao meu lado, se não eu não saberia sorrir.
Apenas sentindo as batidas de meu coração, perdi você de vista, mas sei que está aqui,
Se não eu não conseguiria respirar, e então eu seria igual a você.
Deitada ao seu lado, ao lado de seu repouso,
Enquanto minhas lágrimas correm meu rosto, repleto de marcas e cicatrizes feitas por você,
Tantas marcas que nem me vejo mais, porém, não saberia viver de outra maneira.
Por que você não abre a porta para mim? Eu sei que há espaço para mais um aí dentro.
Terra cinza, me mostra onde devo me encaixar nesse silêncio desconhecido,
Tão desconhecido que me torna cinza, do mesmo jeito que você é.
‘’Fique ao meu lado, você não pode me deixar!’’
Essas últimas palavras gastas por mim, foram para seu silêncio, junto com você.
Lágrimas corriam, meu corpo tremia. Meu amor havia se silenciado.
E ele jamais voltaria a se mostrar novamente.
‘’É tarde demais’’, foram as palavras que ouvi dentro de seu silêncio.
Sua sombra me perseguia conforme meus passos avançavam ao seu repouso.
É errado ainda conseguir olhar para você? Você realmente se foi?
Eu não consigo acreditar, pois posso sentir você ao meu lado.
Essa lápide vazia me esqueceu, deixando-me ao lado deste silêncio que é o lugar,
O lugar onde repousa, lugar esquecido, lugar amado, lugar cinza.
Terra do medo, do silêncio, da homenagem, do fim da criação e da criatura.
Você sempre cobrou de mim meu amor, e eu sempre cobrei seu carinho.
Você já tem meu amor, sempre teve, e eu sempre tive seu silêncio.
Porém, esse silêncio é diferente do silêncio comum, é um silêncio calado, sem sussurros.
Seus suspiros cessaram, e, de certa forma, esse silêncio me acalma.
Ele me chama, ele me segue, ele me perturba.
Sozinha, deitada ao seu lado, ouvindo seu silêncio, seu coração silencioso;
Querendo realmente estar ao seu lado, mas você não abre a porta para mim,
Nem tira toda essa terra de cima de você que nos separa.
Sozinha, deitada ao seu lado, calada como o silêncio do seu medo, perguntando a mim mesma:
‘’Quanto mais posso eu agüentar sabendo que estás ao meu lado, mas sem poder te sentir?’’
Então, lendo essa lápide esquecida, eu me pergunto: ‘’Você realmente se foi?’’